quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Não Há

E eu vou seguindo os meus pés
Por onde eu já não sei andar
Não dá para chorar a solidão
Quando se vive sozinho ao relento
Eu não aguento tanta luz ao meu redor
E o pior é que o tempo já passou
Lançou os sonhos no passado
Calados, sombrios, vãos
De vez em quando quase sempre fico só
Só apareço quando me convém
Não vem ninguém ao meu socorro
E se eu corro é pra não ser visto
Eu insisto: não estou aqui

Com os meus olhos não vejo
Além da minha consciência
E essa ausência é só uma luz que ainda não apagou
Levei um tempo pra entender
Que tender pra essa direção
É tão perigoso quanto inevitável
Não é amável o que ao destino ofereço
Desço à rua a passos lentos
Sonolentos são esses dias tristes
Mas existem as noites cheias de quebranto
Por isso eu canto tanto quanto posso viver
Pois que não há outro sentido
Então eu sigo, eu digo: ninguém fica aqui

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